O Espectro Luminoso no Espaço Construído e a Influência no Sistema Cronobiológico Humano: Estudo de Caso dos Usuários da Estação Antártica Comandante Ferraz

Resumo: Na Antártica a situação é de exceção. Viver em regiões polares implica uma capacidade de adaptação a extremos de frio, durante o dia e, em algumas circunstâncias, isolamento por longos períodos de tempo. Em muitas situações durante o inverno polar, os residentes temporários são poucos em número, restritos em movimento, e atualmente os contatos externos dependem das comunicações via satélite). Assim, os aspectos de conforto humano e sanidade psíquica e fisiológica têm sido objeto de muita investigação.
A falta de luz solar natural no inverno e o excesso da mesma no verão sugerem que o sistema circadiano é perturbado devido, em grande parte, à luz insuficiente ou excessiva. Por exemplo, na EACF o sol no mês de julho fica no horizonte por apenas 4 horas e no mês de dezembro está presente na abóbada celeste por 19 horas . O período de verão, onde o sol está mais presente na abóbada, é o momento de maior movimentação na Estação, com mais usuários presentes. O sinal neuroendócrino que fornece informações fotoperiódicas à fisiologia do corpo e que administra o ciclo circadiano é o responsável pela produção de melatonina, e que reflete a duração da noite: produzem mais hormônio nos dias de inverno e menos no verão (ARENDT; MIDDLETON, 2018), influenciando diretamente no habitante deste espaço.
A exposição à luz com intensidade suficiente e composição espectral ampla serve para suprimir a produção de melatonina e para definir o tempo circadiano e a duração do ritmo do corpo. Em humanos, observações em estudos sugeriram que a luz branca brilhante (> 2000 lux) era suficiente para suprimir completamente a melatonina. Consequentemente, a depressão de inverno (Seasonal Affective Disorder ou SAD) tem essa exposição como tratamento, e funciona expondo o usuário a um fotoperíodo de verão artificial de luz branca, suficiente para encurtar a produção de melatonina. Deste modo, investigações comprovam que uma complementação de luz nos espaços, como um tratamento médico, ajuda na regulação do relógio biológico dos usuários, contudo, esta luz deve ter a composição espectral adequada e tempo de exposição bem definidos, conforme a necessidade do usuário.
Na Estação britânica Halley, por exemplo, durante o inverno, a luz artificial foi mensurada a um máximo de aproximadamente apenas 500 lux, luz suficiente para exercer atividades, contudo, uma sugestão de tempo sazonal e circadiana estava ausente. Parecia provável que a depressão de inverno fosse comum no longo período de escuridão do inverno e pudesse ser tratada com um fotoperíodo de verão artificial.
Com dados preciso em mãos, definindo o espaço construído, o potencial natural e geográfico da localização, os habitantes e principalmente os impactos psico-fisiológicos do espaço no usuário pode funcionar como um guia de diretrizes arquitetônicas, construtivas e de monitoramento pós uso, para proporcionar espaços adequados para as suas respectivas funções e assegurar a otimização dos processos humanos e laborais destas estações científicas que acolhem uma incubadora de pesquisas tecnológicas de importância nacional e mundial.

Data de início: 20/01/2020
Prazo (meses): 36

Participantes:

Papelordem decrescente Nome
Aluno Doutorado DANIELA PAWELSKI AMARO MARINS
Coordenador MARCELO EDUARDO VIEIRA SEGATTO
Pesquisador CELSO ALBERTO SAIBEL SANTOS
Pesquisador JORDANO RIBEIRO CELESTRINI
Vice-Coordenador CRISTINA ENGEL DE ALVAREZ
Acesso à informação
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